Parada do Orgulho Vegetariano - Parte 2

sábado, março 14

-Irmão, onde vai com essa chave? Pra quê tanto ódio no seu coração? Junte-se a nós e venha lutar contra o verdadeiro inimigo: a carne.
-A carne? Pô! Achei que o Nacional iria jogar contra o Juventus! Aqueles verdinhos teriam a vingança que merecem...
-Isso irmão! Também acredito que a força está na juventude deste país.
-Ô seu doidão, olha aqui. Acho que tá acontecendo algum engano. Eu só vim aqui pra assistir o jogo do Nacional. Vocês poderiam sair da frente ou tô pedindo muito?
-Isso irmão! Ali na frente! O bandeirão verde está vindo!

E lá estava Fábio embaixo do bandeirão verde, e uma equipe de TV transmitindo-o ao vivo para todo país.

E a mulher pê da vida por causa de mais uma interrupção no programa de culinária, deixou os ovos, a pitadinha de sal e as 2 colheres de sopa de farinha de trigo caírem ao chão por conta de tanta emoção.

-Nossa, não é que o Fábio está mesmo na Parada do Orgulho Vegetariano? E eu achando que ele estava mentindo pra mim... Como eu sou boba!

-Ô cambada de maluco! Digo, digo... Deve estar acontecendo algum engano, eu só queria estar vendo o Nacional jogar agora.
-Isso irmão, vamos nos jogar! Se jogue contra esse sistema capitalista egoísta e especista e lute por uma sociedade igualitária!

Fábio estava perdido.
Estava tão perdido debaixo daquele bandeirão verde quanto estava perdido nas aulas de biologia do 1o ano. Fábio achava que possuir conhecimentos sobre o tipo de reprodução dos vegetarianos nunca lhe traria alguma utilidade; ledo engano.

Fábio tinha suas meia dúzias de prevenções em relação a contato físico com seres do sexo masculino, mas ali, sozinho no meio daquela multidão, ele decidiu se render e aceitar a idéia de que encostar em outros homens não seria sinal de doença incurável altamente contagiosa pré-mortal adquirida. Ledo engano, Fábio!

Deveria mesmo ter estudado mais biologia, ou ter assistido aqueles documentários sobre o comportamento exótico sobre faunas exóticas no canal da TV a cabo.

Os vegetarianos estavam ali, com estratégias maquiavélicas debaixo de suas máscaras, prontos para a dominação mundial e dispostos a se reproduzir com o primeiro que encontrassem pela frente.

Fábio estava cercado por aquela espécie, e só conseguia se lembrar de que se estivesse no inferno, deveria abraçar o capeta.

Fábio estava completamente contagiado pelo espírito verde do amor e da fraternidade, e decidiu abraçar cada vegetariano da Parada durante as 4 horas que ficou ali gritando e balançando bandeiras em nome do equilíbrio espiritual das espécies.

E desde então não se lembra mais de nada.

Mas todos os dias estuda sobre cissiparidade para tentar explicar para sua mulher como apareceram tantos Fábios pela cidade.

1 comentários:

André disse...

saohsasa pode ter se reproduzido por conjugação também (: