Um a menos

sábado, agosto 2

Rogério gozava de boa saúde -os renomados médicos não diriam isso, mas seus vizinhos diriam que sim-, acabava de se formar no ensino médio, segundo ele tinha um bom trampo, e ganhava quase um salário mínimo. Ajudava seus pais financeiramente, pagava metade do aluguel, o gás, a água e suas próprias prestações: todo mês sem falta uma das 32 parcelas de sua moto Yamaha ano 92, e o fogão novo que deu para sua mãe em junho. Jogava futebol com seus amigos nos fins de semana -duas vezes por mês- e nos outros dois que sobravam, sempre ia para alguma festa para tentar arranjar uma boa nora para sua mãe, mas no fundo ele mesmo sabia que sua busca não tinha sentido, já que as garotas de lá eram todas iguais. Rogério não se importava com isso, por que era como seus amigos, era como todo mundo.
Rogério era feliz.

Até que chegou o dia que Rogério se tornou adulto, fez 18 anos. Era só alegria, agora poderia andar com sua moto por toda cidade, sem medo da polícia, e encher os olhos de seu pai de lágrimas, agora que seu primogênito era um homem. Realmente, um dia muito importante para seu pai, que não aguentava mais esperar para continuar com a tradição de sua família.

-Filho, senta aqui. Agora vamos ter uma conversa de homem pra homem. -disse o pai com tom imperativo apontando para uma velha cadeira e dando um forte tapa nas suas costas.
-Olha, agora você é um homem. Daqui pra frente não pode cometer os mesmos erros de seu velho pai. Agora você precisa criar tipo de gente, tem que estudar muito, passar no vestibular e entrar numa boa faculdade pra depois ganhar muito dinheiro.
Se continuar nessa vida sua aí ganhando menos que um salário, sem ambições e sem objetivos, acabará oferecendo para seus filhos a mesma vida de merda que eu te dei. Seus filhos não terão cultura, não terão nada do bom e do melhor, não terão roupas bonitas nem mesada para se divertirem. Ah, e também não terão educação. Por mais que recebam carinho, seu tempo não será o suficiente, terá que trabalhar como servente de pedreiro como eu, para pagar suas cervejas, ração barata para seus cães e leite tipo C para seus filhos. E aí seus cachorros morrerão de fome, com vermes e sem pêlos iguais ao Geraldo -antigo vira-lata de Rogério-, não aguentará mais ver a cara de derrotado dos seus filhos todo fim de dia e terá a cerveja como única amiga.

"Meu filho, é hora de sair pro mundo!"

Rogério pegou sua Yamaha 92, foi ao posto mais próximo e colocou todas suas economias em gasolina.
Rogério saiu sem rumo, correu como nunca, sua vida nunca foi tão eletrizante. Mas Rogério conhecia sua moto tão pouco quanto sua vida e a estrada que seguia.

Rogério saiu pro mundo.
Rogério saiu do mundo.
Foi em qualquer curva por aí. Sua cidade, apesar de pequena, era rota de muitas cargas e emoções, poucas Yamahas 92 e muitos caminhões.

E no velório, não se falava de outra coisa: De quem era a culpa? Poderia ser de todos, menos de Rogério.
A mãe, a ponto de explodir com uma cor vermelha, era só ódio. Ficava lembrando ao pai que ela passou o ano inteiro avisando a ele: "Rogério é muito jovem para descobrir que é triste!"
E o pai continuava como sempre foi, nunca dando ouvidos a sua mulher.
E não conseguia entender por que tudo terminava assim.
Sua fala alta se contrastava com o choro de quem estava por ali, e ele querendo tirar o seu da reta, não cansava de falar para cada um: "Eu não entendo, eu fiz exatamente como meu pai fez comigo quando eu tinha a mesma idade de Rogério, e nem por isso morri. É claro que era a hora certa. A culpa não é minha, e no meu tempo não tinha motos... É, é isso! A culpa é das motos. A CULPA É DAS MOTOS!"

Que a recuperação esteja convosco

quarta-feira, julho 30

Olha, ao final desse texto provavelmente você perceberá que tenho algumas desordens neurológicas, mas a dislexia não é uma delas (aliás, a dislexia não é uma desordem neurológica). Bom, falarei um pouco da tal dislexia, que causa tanto incômodo a nós, os discalculicos.

A dislexia é uma grande farsa, é uma grande utopia, é mais uma arma do capitalismo para esconder os grandes problemas dos jovens de classe média baixa como eu sem acesso a tratamentos e respeitos adequados. A dislexia supostamente seria um probleminha aí causador de dificuldades ao ler, escrever, compreender a leitura e soletrar palavras se comparados aos não-dislexos (que são aproximadamente TODA população do universo, já que a dislexia não existe de verdade).

Agora me diga: Você já parou para pensar quantos jovens manipulam nossas mentes e dos educadores ao longo da história da humanidade usando a dislexia para justificar seus resultados ruins em praticamente tudo?

(...)

Até parece que o interesse pela leitura existe atualmente! A dislexia, ou a falta dela não mudaria em nada o desempenho das pessoas em relação à aprendizagem.

Os dislexos não são inteligentes o suficiente para entender uma simples oração, mesmo assim manipulam a sociedade durante séculos. Não tenho fontes históricas suficientes para afirmar sua origem, mas tenho certeza que apenas pessoas sem caráter teriam coragem de tamanha covardia.

E como se percebe todas essas tramóias? É simples, mas não é fácil. Basta nascer descalculico como eu, mas sua vida não será nada fácil. Creio que a sociedade ainda não esteja preparada para perceber este mau com facilidade. Mas posso aproveitar de minha discalculia e minha não-dislexia para ficar aqui escrevendo textos e verdades sobre essa farsa. Aproveito mesmo, seus dislexos imbecis. Achei o ponto fraco de vocês, e escreverei sempre, e vocês nunca serão capazes de entender uma vírgula sequer.

Golpe baixo?
NÃO! NÃO! NÃÃÃOOOO! Caros leitores, não. Golpe baixo é o que fazem com meus semelhantes, golpe baixo é o que sofremos todos os anos em qualquer âmbito escolar. Cada ano, cada semestre, cada prova... Nós somos brutalmente jogamos num lado escuro da vida escolar e somos pré-destinados ao fracasso, desespero, depressão e baixa auto-estima. E após ela (no caso dos que conseguem superá-la) as dificuldades são ainda piores, mas ainda não foram vividas por mim. Porém sei o que me espera no mundo lá fora... E isso me preocupa. Por isso gasto meu tempo ócio-criativo tentando reverter essa situação, ao invés de estudar para recuperações e afins.

O mundo não é feito para discalculicos, é feito para os dislexos. O mundo é cada vez mais dislexo, graças a cegueira da sociedade. Sou um contra-cultura, contra-sistema, revolucionário, revoltado, rebelde não por escolha, mas porque nasci assim. Nasci no mundo errado, com a desordem neurológica errada, mas com uma desordem neurológica verdadeira. Repito: dislexia não é uma desordem neurológica, é uma grande farsa.
Discalculicos são obrigados a viver em um mundo onde dislexos são tratados como seres dignos de pena e paciência, ao invés de serem percebidos como manipuladores e mentirosos. E os discalculicos? Recebem apenas doces palavras como: "Vagabundoooo! Você é muito burro! Por que não vai estudar?". Até tentamos explicar nosso desvio, mas o que sobra é a tradicional recuperação.

Admito, não sei calcular mesmo. Não sei matemática, nem física, aritmética ou o carvalho a 4³√5+x. Não estou preparado para esse mundo exato, com proporções milimétricas e com a mesma mesmisse paralela que não se cruza. Ainda bem que inventaram a recuperação, menos mau.

Mas até quando seremos sujeitados a tamanha humilhação?
Poderíamos conviver entre os normais, caso ao menos fossemos tratados como "especiais". E isso é pedir muito? Queremos apenas nossos direitos para sermos tratados como as verdadeiras pessoas com dificuldades de aprendizagem e adaptação ao mundo moderno.
Sociedade, olhe para nós. Prometemos que não faremos as mesmas crueldades cometidas pelos dislexos, e deixaremos todos livres para sentenciar cada um de maneira justa.


E os dislexos...
Bem, esses aí podem deixar comigo.

Bureddo

segunda-feira, julho 28

Isso é um roteiro.
É, isso mesmo. Um roteiro do meu filme de terror em forma de Haikais. Provavelmente não fará muito sentido para quem não conhece e não leu o roteiro original. Mas esse dia chegará, e o filme será um sucesso (ou não).
Eu não sei fazer Haikais, eu não sei fazer filmes.
Mas eu sou feliz. Viva!


fria floresta
pressa, facas, bússolas
o mau se manifesta

onde se compra o pão
com o diabo por dentro
invocado ou não

livros explicam
vãs blasfêmias e maldições
não frutificam

sangue no recinto
ela se chilica e grita
mais um extinto

marie foi presa
na prisão apodrecerá
sem ter defesa

fogo de baphomet
sai fumaça púrpura
do padeiro com fé

dentro da cela
até guardas matará
quer pão com moela

na rua anda
e vê jardineiros também
morre por demanda

é desespero!
tesoura, cabeça ao chão
foi exagero

corre pra casa
desmaia. xinga-lo-ei
por que se atrasa


(Continua...)

O Anômalo Circo de Aberrações do Dr. Salm

sábado, julho 26


Visite: O Blog Anômalo de Salmerón


Divinópolis, ano de Dois Mil e Cinqüenta.

Passava por ali, avenida Sete de Setembro com os número alterados, não eram os mesmos de minha adolescência. Minha nostalgia era a cada olhar mais constante, tão prejudicial aos olhos quanto esses velhos cartazes de anúncios sobre diversões contestáveis. Porém um me repreendia, como fazia na adolescência. Era um anúncio de um circo, e me fascinava como na infância.
Diante daquele cartaz de tonalidade amarela, abandonado pelo tempo como todos meus sonhos, minha memória me surpreende de uma forma que há muito tempo não fazia.

O Anômalo Circo de Aberrações do Dr. Salm

Manchas no cartaz único de papel barato juntamente com meus velhos problemas de visão e desdém me impediram de ver o resto do nome do Dr. circense pouco modesto. E daí? Eu já tinha anotado o endereço, e atualmente era tudo que eu precisava: rir um pouco de aberrações, rir da cara de gente pior do que eu. Como conseguem isso? São mais desprezíveis que eu! Hahahah.

Fui. Hoje em dia minhas rugas são compensadoras, me dão o direito de embarcar gratuitamente pelo transporte público.

Cheguei. Com certa inveja de Salm, que graças a uma vida bem sucedida tem o direito de ser tratado gratuitamente como "Dr.". Inveja normal, eu pensava. E ainda imaginava o tamanho da inveja que cada aberração teria de mim! Bom, chegara a hora de finalmente entrar. Parei de observar a lona que sugeria mais um circo normal, parei de imaginar as aberrações infelizes que me fariam feliz.

Entrei. E por sinal, só eu entrara. Pela primeira vez na vida me sentia abismado e sozinho de tal forma. Definitivamente aquele circo não me faria rir. O medo me fazia andar para frente, olhar para os lados, ouvir cada grito e quase chorar. Sentei na platéia, e acabei ganhando uma companhia, um velho e magro homem com óculos fundo de garrafa viera sentar ao meu lado. Um homem feio, que por mais estranho que seja, não era uma aberração.
Ele não se assustava como eu, me descrevia cada pulo de anões transformistas sobre cama de pregos com uma perfeição tão assustadora quanto cada um daqueles 600 quilos dos incríveis-homens-gêmeos-siameses com obesidade mórbida que não saíam da cama há 23 anos.
Eu pensava: "Deve ser o único cara do mundo que se interessa por coisas tão bizarras. Esse cara nunca deve ter tido um amigo. Esse cara é uma verdadeira aberração. Esse cara na certa não é médico. Fazer o quê? É melhor juntar-me à ele para evitar qualquer confusão".
-Prazer, meu nome é Igor e tenho 60 anos.

Dessa vez ele realmente se assustara. E minha expressão resolveu acompanhar a dele. Éramos dois velhos no limite da emoção, cada infarto parecia inevitável.
Dr. Salm parecia estar vendo o fim mais próximo que eu. Gastava todas as suas forças pronunciando seu nome: Salmerón.
Sobrenome espanhol lá do interior de Minas. Velho como um velho amigo.

Mas os infartos não vieram, apenas confirmações das minhas previsões de adolescente.
Salmerón fora reprovado incríveis 6 vezes em matemática, até que decidira desistir dessa vida escolar que não era lá nosso ponto forte. Eu, até consegui superar o colegial, mas ainda não tinha o título de Doutor. E como ele tinha?
-... e foi assim que acabei me mudando para a Europa Oriental, lugar de vida e diplomas fáceis, como sempre quis. Comprei sim. Comprei diplomas, uma velha tenda e resolvi sair por ai contratando gente como eu. Sempre quis formar uma família como essa. Sou chamado de Dr., tenho uma família perfeita e tenho dinheiro. Só me falta aquela formação em matemática.
-E você veio aqui para consegui-la? -Perguntara eu.
-Acredito que não seja mais possível.
-É, acho que é um pouco tarde.
-Não é por isso. Olhe para aquela jaula.
Ele apontou seu dedo para cima, numa espécie de altar.
-Eis o membro mais importante de minha família, a minha maior conquista!
E eu continuei não entendendo o que aquela mulher-macaca tinha de tão importante.
-Eis a mulher-macaca! Que antes fazia alguns bicos como professora de matemática... Aquela mesmo dos nossos 17 anos. Ela realmente foi útil à minha formação como profissional e pessoa. Há anos venho lucrando com toda sabedoria dela. Como uma pessoa pode se transformar de professora de matemática para mulher-macaca? É um incrível exemplo de perseverança e evolução.
-Então o que você faz aqui? -Eu ainda insistia na pergunta.
-Não sei, acabei parando por aqui. Acho que foi para morrer. Acho que não tenho mais o que fazer aqui, agora me sinto completo. Acabo de reencontrar a amizade e mereço morrer.
Salmerón acabara de morrer.


-Te entendo perfeitamente. Mas ainda preciso de um emprego.
-Faça o seguinte, agora que me tornei um homem-zumbi, assuma meu título de Dr. e seja proprietário deste circo.
-Feito, começo amanhã.



Só então pude entender, que ao menos um dos meus sonhos se realizara. Agora eu era Doutor, trabalhava junto a meu amigo Salmerón e seu circo ganhava mais uma aberração: um homem de 60 anos incapaz de rir.

Shampoo & Libido

sexta-feira, julho 25

Que lindo seu cabelo. Você lava todos os dias?
-Não. Sim. Ahh não e sim.
Hã?
-É que eu não lavo todos os dias, mas todos os dias que tomo banho.
Quer dizer que você não toma banho todos os dias?
-Sim.
Nossa, estou supresa. Olhando assim de longe eu jurava que seu cabelo era mais "bem-tratado".
-Percebi sua expressão, mas não precisa ficar tão de longe assim não.
É, pelo menos seu cheiro não é tão ruim. É até gostosinho pra alguém que não é lá muito fã de limpeza.
-Isso não quer dizer que não gosto de limpeza, na verdade eu não me considero tão sujo a ponto de precisar tomar banho todos os dias. E além do mais, tenho mais o que fazer e conheço mais pessoas que não tomam banho todos os dias.
Nossa, você é um desses homens que não tomam banho e vivem escrevendo livros?
-Já leu algum deles?
Não, eu não ligo para livros.
-Pois deveria. São neles que os homens admitem que não tomam banho todos os dias. Admitem, falam, imaginam, inventam, mentem...
Também não ligo, mas gosto dessa sua beleza exótica. Sabia que nunca peguei nenhum homem assim?
-Nem eu.
E mulheres?
-Não com muita frequência.
Você é gay ou o quê?
-Sou o quê.
O quê?
-Não sei. A verdade é que não me dou muito bem com vocês.
Só por que não quer.
-É.
Somos uma mistura de cabelos, palavras, imaginações e mentiras. Você se daria muito bem.

segunda-feira, julho 21

sou voz na vez de ver em vez de ser vão
se vil ao vir vire e vá viver o não

Quem não quer ver

Nunca nascem cegos.

Constroem castelos,
que são fracos refúgios
no cume de abismos
cercados de monstros.

nascem nessa terra
onde os que têm olhos não são reis.
E quem não quer ter não se governa.

Não Mesmo Não

sábado, julho 19

Carolina, quer apostar?
-O quê?
Uma Coca.
-Por quê?
Simplesmente por que gosto de apostar com garotas como você. Passo a vida involuntariamente fazendo apostas, procurando alguém capaz de me vencer.
Passo a vida involuntariamente ouvindo nãos, adquirindo experiência e caprichos... Que lhe renderiam uma Coca e uma vida nova pra mim. Pago por um não.
Pago Coca light, inteira-entrada, táxi, selo, dez por cento, aula particular, banho-tosa, pedágio e esmola. Se é pra entrar nessa não-vida, um não não tem preço.
Mas quero um não da minha idade. Não esses nãos nus, proibidos para meus menos de 18 anos. Não esses nãos escuros, destemidos para meus mais de 8 anos.
Quero um não. Um não mesmo não.

E aí Carolina, como será o seu não mesmo não?
Liberte sua imaginação, crie um não sob medida e que combine comigo.
Crie um não que combine com meus brincos, com meu cinto e ainda com meu corte de cabelo.
Crie um não com vista para a praia tamanho P aos 47 do segundo tempo com baladas de violão que não soltem muito pêlo com três pedras de açúcar e dirigido pelo Almodóvar. Do jeito que gosto.
Crie um não verdadeiro.
Que me faça te negar.
Que faça me aceitar e entender.
Que me tire o amor e a vontade de viver.

Carolina, quer apostar?

-Não.

Sim pertube.

segunda-feira, julho 14

Me encontre a noite naquele lugar onde gosto de estar nesses momentos. Chegue a tempo e me pegue ainda meio adormecido, alucinado com a falta de cores e com minhas pálpebras pesadas como o passar do dia.

Me veja como um bebê, me veja como uma pedra, me veja como um urso, me encha o saco, me esconda o relógio, me tire as cobertas, me tire do sério, ouça meus palavrões, veja meus olhos vermelhos, veja meu tórax nu, veja minha samba-canção azul, veja meu cabelo erguido, veja minhas meias furadas, me lembre de escovar os dentes, me lembre de apagar as luzes, me lembre de desligar a TV e me lembre retirar o gato da cama.

E quem se importa?

Continue... Desacredite em minha dor de cabeça, desacredite no tempo que estou acordado, desacredite nas coisas cansativas que fiz hoje, desacredite no horário que preciso acordar amanhã, desacredite quando digo que mereço uma boa noite de repouso.

Me mostre seu hoje.

Me conte seu dia, conte o que aconteceu no fim do livro, conte que encontrou a chave da minha casa embaixo do tapete, conte que meu cachorro fez sujeira perto da porta e que é melhor eu ir lá limpar.
Diga a importância de um diálogo, diga seus problemas banais, diga o que é que eu tenho a ver com isso.

Mas se o sono me cair, me acorde e ganhe um sorriso.

Em minha defesa convoco Dolcissima Maria

terça-feira, julho 8

Declaro o réu...

*Miau Miau*

Meretíssimo, desculpe pela interrupção, mas diante das perceptíveis injúrias atribuídas ao réu Igor L. Damasceno me senti na obrigação de pronunciar algumas palavras ao seu favor perante à você e todos aqui presentes.

Conheci esse jovem no auge dos seus recém completos 16 anos. Desculpe-me senhor, mas não revelarei minha idade, que no momento é impossível de se descobrir, já que passei grande parte de minha vida na rua, um lugar muito ruim que pretendo esquecer, porém seria aonde eu habitaria sabe se lá por quanto tempo se o destino não colocasse esse humano em meu caminho. Lembro como se fosse hoje aquele que considero como o dia mais feliz de minha vida: Era véspera de natal, todas as famílias humanas celebravam a alegria e a vida, e a tradicional chuva continuava a soar como uma triste melodia para meus velhos ouvidos felinos. O que representaria toda aquela alegria? O fim do ano? Meus pensamentos só revelavam que seria mesmo o fim de minha vida... Em busca de uma morte tranqüila e indolor, busquei apenas me proteger do frio, aconchegando-me em uma árvore de natal torta em uma varanda de uma casa humilde. Eis o meu temor: eu acabara de me deparar com mais um daqueles seres responsáveis por essa ingrata vida me proporcionada até aquele momento, um humano, diga-se de passagem, do pior tipo possível, o adolescente. Não me restava alternativas, num ato quase que desintencional, eu arregalara meus grandes olhos amarelos na busca de uma fuga bem sucedida que poderia trazer mais alguns momentos de vida. Surpreendemente ele agiu diferente... diferente de como eu esperava, diferente de outro qualquer humano. O que eu deveria fazer? Ele não gritou expressões como: "Xô!!!" "Sai daqui bicho nojento!". Ele simplesmente abriu os braços e me abraçou. Ele não se importou com meu estado, com meus dentes ausentes, nem com minha pata deformada, que me torna incapaz de viver como os gatos normais.

-Mãe, mãe, olhe o que eu achei!
-O que foi filhinho, achou seu presente? Ohhh! O que é iss.. Oh meu Deus, outro gato? Coloque ele na rua querido, já temos muitos bichinhos por aqui.
-Mas mãe, ele é tão bonito! Esse gato vai ficar comigo sim! Uhn, por falar nisso, nem olhei o sexo... Olha mãe, é uma gata!
-Que isso meu filho! Uma fêmea ainda!?! Ela ainda vai ter filhotes e vai nos causar mais problemas. Não coloque esse bicho dentro da minha casa não!

Murmurou-me:
-Ah gatinha, se isso não for possível, não se preocupe, ficarei com você para te proteger do frio, depois convenço minha mãe a te deixar por aqui, eu sempre consigo.

E ali ele realmente ficou. A cada minuto sua promessa se concretizava, e minhas alternativas de fuga estavam ficando cada vez mais irreais... Minha pata amputada fazia de mim um ser tão inoperante quanto a um humano, parecia que acabaria me sucumbindo perante aquele humano, que nem era dos mais fortes e altos... E aquele abraço? Poderia significar alguma coisa? Com o passar de mais minutos, percebi que sim, Meretíssimo. Vieram mais e mais abraços, mais elogios e palavras de conforto, capazes de no mínimo indagar uma velha gata como eu. Acabei cedendo. Ao menos aquele humano me aquecia com o famoso calor humano, até então desconhecido por mim. Esse calor salvou minha vida, Meretíssimo. Quem dera se todos os meus semelhantes pudessem receber esse calor ao menos uma vez em cada 7 vidas! E se dependessem desse garoto, pode ter certeza que teriam! Enfim, foi isso que me trouxe de volta a vida, e me faz continuar até hoje.

Juiz: Tudo bem, Senhorita Gata. É uma bela história de sobrevivência, mas e agora, onde você está?

Neste exato momento, em sua cama, debaixo de suas cobertas. E também defendendo-o nesse processo incabível!

Onde já se viu, processar alguém como este garoto... francamente! Vocês não enxergam como são vocês? Vocês não se põem em comparação com este "réu"? E se tardasse-me mais um pouco, ele acabaria sendo culpado! É um absurdo, e o pobre garoto não pode contar com um mísero advogado de porta de cadeia para defende-lo! Só me restava vir até aqui, mesmo como uma gata, para ensinar a vocês humanos uma lição!

PROTESTO, Meretíssimo!
Quem é este "ser" que se julga capaz de advogar à favor do réu? Esse "bicho" viveu nas ruas, com os piores tipos possíveis. Será que está mesmo falando a verdade? Essa "coisa" é pobre, com vários filhotes para sustentar, aposto que seria capaz de fazer qualquer coisa por dinheiro, até mesmo se sujeitar aos métodos humanos de julgamento, já que não caberia a nós impor as devidas punições a ela. E além do mais, Meretíssimo... ELA É UMA GATA, E GATOS NÃO FALAM!

Protesto negado.
Se gatos não falam, também não são capazes de mentir.

Por fim:
Declaro o réu inocente, e determino que todos os humanos do planeta se tornem iguais a ele.



Nota do autor: Confira mais aventuras de Dolcissima Maria quando alguma editora publicar meu livro. Confira mais fotos de Dolcissima Maria assim que eu encontrar em meu HD. E por último, mas não menos importante: ELA NÃO ESTÁ A VENDA, tente encontrar uma no próximo natal.

Rua da Minha Casa, 143

Acabaram de sair daqui de frente a minha casa um monte desses peões da prefeitura. Já era tempo! Finalmente concertaram esse enorme buraco no meio da rua que colocava em risco os motoristas e esse povo todo. Ainda bem que nada aconteceu com minha casa, mas os vizinhos, coitados...
Coitados nada, são ricos! Aposto que se esses acidentes fossem ao redor de minha humilde casa, esses buracos não seriam tampados tão cedo. Teoricamente, eu deveria estar a parte dessa situação, não gosto de carros, e os que dividem o lar comigo, também não. Em âmbito de círculo social os maiores prejudicados eram meus parentes de Brasília e Belo Horizonte, que adoram exibir seus carros novos e luxosos estacionados na pequena garagem da minha casa.
Não entendo por que essa prefeitura faz questão de asfaltar apenas as ruas que fazem parte do trajeto ônibusuário. Existem ruas em meu bairro onde se concentram as maiores armas da sociedade capitalista quase multinacional, mesmo assim são portadoras de calçamentos deploráveis iguais aos milhões de filmes sobre favelas que gosto de assitir.
Mas é por aqui que passam ônibus quase sempre vazios, destinados a levar os passageiros a lugares onde a maioria de vocês nunca nem ouviu falar. De duas em duas horas passa um ônibus para um lugar ainda mais longe, porém um pouco mais famoso que os outros, provavelmente devido a sua fama de lugar distante e violento. E também provavelmente isso seja o motivo da minha vontade de ir pra lá. Qualquer dia junto (R$1,90 do vale-transporte vezes 2 é igual a... humm.. R$3,80), dou um beijo em minha mãe, largo esse computador e vou pra lá.

Caramba! Com R$3,80 posso ir ao Centro a pé, encontrar amigos, ir para um boteco e pedir um chopp e dois pastéis. Acho que vou deixar esse dia pra quando o preço do transporte abaixar.

Segundo Plano

domingo, julho 6

"Em caso de incêndio, vire de cabeça para baixo e aponte para a chama"

fazeria-me
poesia,
alternativa,
sem plano de saúde
com o mesmo olhar.

Jovem...
Vive sem saber pra quê
Sem se importar com o quê
E o primeiro?

Talvez tenha 17 anos.

Governo do Eu

receio falho, quase desmaio.
vou pro meio, leio e releio.
é no café que creio
é na poesia que sou
ameaça de vida, reelege seu feitor.
chega de tanto temor.

segunda-feira, junho 30

recinto
qual minto
maldigo se cito
o que sinto
ao requinto
serás extinto
desminto
o vinho tinto

domingo, junho 29

nada
pra dormir.
cama
pra escrever
calma
pra esquecer.

Pra que?

sábado, junho 28

o mentido mantido
tornarás adulteração

o sublime sentido
sujeito à agonização




minha compulsividade maluca
minha negação

dúvida restante
culpa não conservante

C/P C/P

Cinza/Preto
Computador/Papel


Cai o prédio
Erguido
ao
tédio.



Eu errante
Viagem
distante.

Lá e cá
tão seu
são eu

Veio ser
Há tempo.
ver


Distorcidamente

freqüentemente

Parte de Um Todo.

terça-feira, junho 24

Disperso ao chão
Percebo a terra paralela
Cada pedaço (meu) (eu) a flutuar
Ilha intocável, minha utopia...
Cada quatro direções, o infinito.
Ao olhar, o meu perder.
Vento minucioso com sua covarde piedade
Que cabe na minha falta de integridade
Recusa-se a me espalhar
Injúria!
Ingrata natureza, por mim admirada
faz questão de manter
Nessa pós-vida, não tão diversa
Vossas preces parecem não saber nadar
O gosto do meu inverno, é o prorrogar...

Oi, você vem sempre aqui?

segunda-feira, junho 23

Não olhe me assim.
Eu tenho na vida compreendido cada maldição lançada sobre mim.
Cada chuva mais fria
Cada noite dominical de melancolia
Toda abelha temida
Toda guria mal agradecida
O tempo ocioso
O neologismo criado
Todo beijo escapado
Todo calçado apertado
A distância do litoral
A laranja na salada
Meus ouvidos ausentes
Meus ideais tão incoerentes
As visitas indevidas
As flores roubadas
Minhas influências finadas
Minhas cartas queimadas
Os sábados sem tabaco
Os pratos tão verdes
Minha mãe descontente
Minha dívida pendente
Quanto amanhã prometido
Quanto voto vencido
Meu choro de velório
Meu perfume repetido
Quanta fuga planejada
Quanta prova colada


Dó e Mi
Só em mim.

Os pensamentos que me comovem
Movem.

E devo mais uma vez procurar ignorar?
Inverno dolorido, cadê o meu analgésico?
Ou Toddy.

domingo, junho 22

Os pensamentos que me consomem
Somem.


E devo mais uma vez procurar entender?
Se todas as cores são gratuitas, a cegueira só pode ser interna.
Só pode.

Leito de Morte

quarta-feira, junho 18

Da minha escuridão desmerecida
Tenho muito para pensar
Temer, permanecer, padecer...
E o meu último suspiro... chegará?

Vocês se preocupam demais
Pedem, falam, rezam, pagam, choram
AMAM!
demais...

Evidente
E da ciência surpreendente, cada canto desconhecido
Dessa eu também quero provar.
Se atribuem sempre aos milagres, interferência divina
Gratificação pela minha benévola (?) existência

Confesso,
As diversas designações já me inquietaram
Hoje, cada minuto a passar
é uma permuta por minha consideração
E que se atribuam a qualquer um,
Que a injustiça seja patenteada depois
E se Deus quiser... a minha vida
Será o maior dos indícios, do meu grande desejo
Quero viver!

Reflexões sobre o que diabos acontece dentro das pessoas #2

segunda-feira, junho 16

Estive discutindo a dificuldade de dizer um "eu te amo" verdadeiro, aquele frio na barriga, a incerteza de se deve ou não dizer e todos aqueles sintomas de ansiedade, sou como muitos que dizem essas palavras com facilidade. Tanto que as disse.
Mas devo concordar com os dizeres do senhor Igor, o "eu ainda te amo" é mais difícil, não pelo amor presente na frase. O problema está no ainda, palavra que faz qualquer um engolir o orgulho, não precisa está acompanhada do verbo amar, o querer ou o gostar fazem o mesmo efeito. Porém, ao pensar um pouco, notei que é um tremendo desafio externo engolir o orgulho. Falta de amor-mútuo seria ignorar aqueles sentimentos destinados a você, deixá-los de lado mesmo sabendo que o amor existe (E que quer te fazer existir). É deixar a covardia ganhar do amor. Engolir o orgulho seria uma prova de coragem (e também de amor), enfrentar o que você vê é muito mais fácil do que enfrentar todos os monstros que existem dentro de você.
Já fiz uma viagem dessas, encontrei eu-líricos vingativos, inseguros, malvados, cínicos, esnobes, arrogantes, orgulhosos, vaidosos, medrosos(...) Enfrentei-os, coloquei-os para brigar. Depois de horas de batalha direta, acordei de cara lavada, uma Thaís renovada. E um Igor também.

E sobre o que falamos, pode ter certeza que a frase mais impronunciável continua sendo: "eu ainda te amo".

É que o "ainda" pode significar muito mais do que o amor.
Seria uma tamanha forma de auto-repúdio, que nem de longe penso em dizer.

Seria como aceitar aquilo que não te aceita, esquecer o (que foi te) passado e declarar que o amor (por si próprio) não existe no seu vocabulário. Nem em seus sentimentos.

Dia do Correio Aéreo Nacional

quinta-feira, junho 12

Toma aqui sua caixa de bombons.
É pra hoje, acabei de comprar.
Para compensar minha ausência e o tempo que demorei para te conhecer.


A caixa vermelha decorada, semi-aberta cuidadosamente... é pura enganação.
E por dentro? Eles não significam NADA!
Não são meigos, nem românticos, muito menos tradutores de qualquer sentimento íntimo.
Eu sei, são as mesmas aparências iguais que sempre faço questão de disfarçar.
O preço foi obviamente pechinchado, costumo me dar bem.
É melhor ser claro e breve, pois quero um pouco deles também.
Acredite em mim, foi eu que mandei fazer.

Mas é só pra lembrar que ainda lembro de você por mais de uma semana.
É para você.
É pela fome, vale mais que sua poesia.
É concreto, vale mais que o tal amor.

Quanto mais eu bato nele, mais ainda ri de mim.

domingo, junho 8

As espinhas nem vieram, e o aparelho ainda dói.
Meia dúzia de fiapos de barba, e um cabelo por cortar.
Um tênis novo! Da velha marca.
É. (...)
Ainda não tenho a tal conquista da juventude.
Nem algo pra fazer hoje a noite.
Um monte de compromissos pendentes, os quais pretendo adiar.
Algumas dívidas para quitar, 6 ou 7 livros pela metade, e muitos albuns ainda sem ouvir em meu digníssimo Hard Disk.
Preciso visitar minha vovózinha doente, conhecer a casa da minha irmã.
Preciso arranjar dinheiro pra bebidas, conhecer aquela esquina que é a nova sensação na cidade.
Preciso recuperar minhas notas pequenas e/ou perdidas, ou evitar o vestibular e preocupar apenas com a honrosa missão de terminar o tradicional ciclo escolar sem a temida reprovação. (Mesmo não sabendo o que se faz com um Binômio de Newton ou a Lei de Ohm)


Fácil,
é só continuar as madrugadas acordado, agora pensando em outras coisas.

Agora pensando.

[Eu] Digresso

sábado, maio 31

[Eu]
Conclusão da
Convicção.
Surpresa?
Não.
Alívio!
Regresso ao
Desdém
Regresso ao
[Eu].


[O seu]
Ego, encoberto, ego.
Comum, enquanto
Provem de ti.
Fique
com [O seu].

[Você]
Vil
Infantil.
Excitante?
Hesitante.
Reflexo do
Perplexo
Modo, de ser
[Você]

[O meu]
Contentamento.
O contente
Pagamento,
Agradecimento.
Agora
Atento.
[Ao meu]
Fortalecimento.
Darei-lhe
[O meu]
Adeus.

Ainda espero.

quinta-feira, maio 29

Não me caibo mais.
Acho que agora me encontro em outros corpos, e é deplorável conviver com a existência deles, esses que ainda me são.
Deveriam logo se encontrarem, não mais se perderem em mim.
Vocês são maiores! Mais que eu, vocês me são.
Digno de pena, de um abraço.
(Ou um café bem forte e amargo)
Quem sabe um 'boa noite' daqueles bem automáticos e sem intenção, uma mentira qualquer para me confortar (enganar).
Nem precisa dizer que me ama, compreenderei.

Hora de morfar!

domingo, maio 25

E eu já nem sei mais quem são os vilões e os mocinhos.
Foda-se!
Somos os autores desta história.

Sou um nada compulsivo.

terça-feira, maio 13

O que está certo, é pouco.
Queria te alcançar
Te contar meus sonhos ao despertar
Te beijar após aquele esbarrar de olhares
Prorrogar nossos intuitos

Era fácil,
Previsível,
Benévolo

Mas agora é difícil.
Prever amanhã
e presenciar hoje.

Aceitar evidências incontroversas.
Esperar por um futuro próximo e transcendente,
Ser como você.

E por tudo que se refere a vida
Tornei-me inoperante
Torna-me intéprido outra vez.
Suplico-lhe!

Warning!

quinta-feira, maio 1

Raios!
Estou doente, como todo inverno.
É, nem escrevi nada para postar aqui.

Até breve.

Incorpóreo

sábado, abril 26

Preciso me reabitar.
Em um futuro imediato
Ter prazer ao sentir o gosto de minhas memórias

E ao ser subtil,
tudo conseguir.

Um retrocesso,
uma melhoria.
Superação.

E que forma curiosa
que o destino se apresenta.

Observações concluídas.
Pronto!

Divergência

terça-feira, abril 22

E esse anseio que corrompe-me?
Alterou minha compreensão.

Diverge,
de você,
de vocês.

Um adeus
ou um até breve.
Não sei,
defina-se.

Melancolia seria melhor.
Mais que o ar.

Ou
se você se apresentasse
como meu próprio desfecho.

Deixa-me.

segunda-feira, abril 21

Deixa-me sentir dentro de você,
Outra vez.
É que necessito saber o que realmente guardas contigo

Não doerás.
Pela dor que vejo em outros,
Pelo mundo que erguíamos
E pelo vazio que vivo.

Apenas deixe-me.
Fique,
deixe estar.

Cumpra meus desejos, e suas juras.
Das quais nada poderiam ter interferido.


Para alguém.
(Baseado na música By The Pain I See in Others; Opeth)

E os gatos?

domingo, abril 20

Prefiro os gatos.
Sinto uma empatia recíproca por eles.
A arrogância, o tédio e o descontentamento.

Assim como meus velhos amigos, sinto-me repartido.
Compreendido.

Amo vcs.
(os gatos, é claro!)

1.

É.
Frequentemente, por quê?
Ah, sei lá. Sempre fui assim.
Com vários trocadilhos, indecisões e frequências diferentes.

Frequente isto!
Frequente-me,
da mesma forma que tentarei frequentar o mundo, além do meu.